Profissionais da área da saúde que atuam nos hospitais filantrópicos gaúchos se encontraram, nesta quarta (21), na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, para cobrar ganho real de salários e melhores condições de trabalho. Os trabalhadores reclamam que estão excluídos do processo de ampliação dos repasses de recursos públicos destinados às instituições filantrópicas e santas casas do Estado. “ Houve um considerável aumento dos repasses para os hospitais, porém não se observa investimento maior nos trabalhadores”, advertiu a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul, Cláudia Silva, na abertura da audiência pública.
Proposta pelo deputado Valdeci Oliveira (PT), a atividade reuniu representantes de associações e sindicatos de diversas categorias da saúde. “Os hospitais que recebem dinheiro público devem, de forma proporcional, ampliar a destinação de recursos para os seus profissionais”, afirmou o deputado.
O presidente do Sindisaúde, Gilmar França, afirmou que a falta de valorização profissional ameaça o atendimento da população. “Hoje um técnico de enfermagem trabalha em jornadas bastante altas e ganha em torno de R$ 780 a R$ 800 por mês. Isto está causando uma fuga maciça de profissionais”, alertou.
Entre as reivindicações levantadas na audiência também constaram redução da jornada de trabalho, a regulamentação do piso regional, o pagamento de adicional noturno e de especialização e reajustes salariais que garantam ganho real nos vencimentos. “90% das categorias de trabalhadores tiveram ganho real de salário. As categorias da saúde ainda não tiveram isso garantido nas negociações que estão em andamento”, exemplificou Cláudia Silva.
Hospitais pedem mais recursos - O representante do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul (Sindiberf), Jalmir Pin, observou que o setor reúne 245 unidades no RS , que seriam responsáveis por 68% das internações. Apesar de reconhecer a ampliação dos investimentos nas instituições, ele afirmou que os filantrópicos passam por uma crise financeira que se agrava a cada ano. Conforme Pin, em 2005, a dívida do setor era de R$ 5 bilhões e, em 2013, deve superar os R$ 15 bilhões. As causas, segundo ele, seriam os valores da tabela do SUS e a falta de investimentos federais. “Repassem têm aumentado, porém sem mais investimentos não há como mudar cenário”, avisou.
No final da audiência pública, o deputado Valdeci confirmou que a Comissão de Saúde e Meio Ambiente continuará pautando o tema da valorização dos profissionais da saúde. “Não vamos nos conformar com argumento de que falta dinheiro, que data de muito tempo. A valorização do trabalhador é fundamental para o sistema de saúde e portanto deve ser priorizada pelos gestores. Não adianta apenas as instituições terem eficácia para buscar mais recursos públicos se nada ou se muito pouco vai para seus recursos humanos. A Assembleia Legislativa e a Comissão de Saúde serão instrumentos de pressão permanentes para as mudanças”, complementou.
Texto: Tiago Machado/ Marinela Peruzzo
Foto: Gabriela Freitas
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